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Uma Noite de Rainha - Parte I

  • Foto do escritor: Garçonete
    Garçonete
  • 15 de mai. de 2018
  • 4 min de leitura

Depois de ajudar a cidade em Cerro Oeste a se livrar de uma invasão de gnolls, me foi solicitado que voltasse a Ventobravo para atualizar o rei da situação, já que o serviço de correio demoraria um pouco para ser restaurado ao seu estado normal.


O dia estava claro, céu azul, poucas nuvens e a temperatura era bem agradável. Um excelente dia para viajar, de fato.


Cheguei à imponente cidade da Aliança por volta do horário do almoço. Os cheiros que eu sentia ao meu redor enquanto caminhava pelos distritos eram ao mesmo tempo maravilhosos e cruéis, estava com tanta fome e minha égua aproveitou para relinchar em concordância.


- Eu sei Pandora, eu sei. Também estou com fome. Vamos apenas entregar o relatório ao rei e vamos nos fartar na primeira estalagem que encontrarmos. Esse pagamento a mais pela entrega do relatório vai ser bem gasto.


“Bom... deve ser aqui né?” pensei comigo mesma. Aquela estátua enorme me recepcionando no pé da escada não deveria estar lá atoa.


- Muito bem, menina, aguarde aqui enquanto vou lá entregar esse envelope e já volto pra gente ir... ALMOÇAR!


A égua comemorou batendo seus cascos animadamente no chão e eu sorri em resposta. Subi todos os degraus com certo esforço e a aparência que eu deveria estar apresentando quase me esgoelando para respirar deve ter assustado os guardas.


- Tudo bem com você, senhorita?


- Eu... eu...


Pausei para respirar fundo e continuei.


- Eu trouxe um relatório para ser entregue ao rei.


- Qual o seu nome, senhorita? - Jezellia, e por favor, pare de me chamar de senhorita. Sou uma paladina. O guarda correu para dentro sem pegar a carta e eu fiquei meio sem entender o que estava acontecendo. Pouco tempo depois ele volta correndo de novo.


- Pode entrar, senhorita, o rei a aguarda.


Entrei em pânico! Eu só queria entregar o envelope e ir almoçar... não achei que fosse ver o rei em pessoa. Deveria ter polido minha armadura...


- Majestade, eu apenas vim tra...


- Senhorita, ele está no jardim almoçando. – me interrompeu o guarda.


Eu cheguei falando e nem percebi que o rei não estava no trono... fiquei com vergonha, me senti meio idiota falando com o nada, mas juntei todo o meu orgulho, fiz um leve aceno de cabeça para o guarda que me alertou e me dirigi para a direção que sua mão apontava.


Passei pelo portal que dava para o jardim e a cena que eu vi me deixou meio desconcertada.


Almoçando sozinho, com uma incrível vista para um verde vibrante e flores de diversas cores e formatos, estava um jovem homem de cabelos claros e brilhantes como o sol. Não acreditei que aquele ser tão frágil e delicado poderia ser o rei.


Ele virou o rosto para mim e seus olhos azuis me hipnotizaram.


- Você deve ser Jezelia, correto? – Ele perguntou enquanto abria um lindo sorriso.


Por um momento esqueci como respirar, mas não poderia deixar o rei esperando, né?


- Sim Majestade, às suas ordens. – Respondi fazendo uma reverencia.


- Você já almoçou? Gostaria de se juntar a mim?


O QUÊ? O rei estava me chamando para almoçar? Eu estava morrendo de fome, mas não teria coragem de comer na frente dele ou com ele...


- Agradeço imensamente a cordialidade, Majestade, mas não estou com fome, estou apenas cumprindo uma missão.


- Entendo, mas sente-se. Marcus veio tão afobado anunciando sua chegada, que confesso, fiquei um pouco preocupado. O que você veio reportar?


- Na verdade Majestade, não é nada preocupante. Estive em Cerro Oeste auxiliando na defesa da cidade contra uma invasão de gnolls. Tal invasão ocasionou na perda temporária do serviço de correio e como havia mencionado ao prefeito que viajaria para Ventobravo, ele solicitou que trouxesse à você o relatório trimestral.


E o rei riu... de todas as reações, não imaginaria ele rindo, bem... a verdade é que não imaginaria nada do que estava acontecendo.


- Desculpe-me, Jezelia, não quis parecer desrespeitoso, mas é que Marcus me fez pensar que era algo ruim ou preocupante.


- De forma alguma, Majestade, nunca iria pensar que foi desrespeitoso. – e até ameacei um sorriso eu mesma.


- Bem, e quais são seus planos depois daqui?


Que tipo de pergunta foi essa? Eu devo ter ficado vermelha porque ele logo se explicou.


- Quero dizer... eu preciso de alguém para me manter atualizado das coisas que acontecem nas cidades pertencentes à aliança e gostaria de saber se você tem planos ou poderia me auxiliar visitando-as e trazendo relatórios.


Que honra! Uma missão vinda direto do rei!


- Mas é claro! Com certeza posso fazer isso.


- Que bom, Jezelia, fico muito feliz que posso contar com você! Tenho uma lista de algumas cidades que não andam mandando seus relatórios periodicamente e temo que algo também possa estar acontecendo em tais lugares.


Me foi entregue uma lista com cidades próximas de Ventobravo para eu começar minha tarefa. Visitei-as todas, algumas de fato estavam precisando de ajuda com algo pontual e que acabou por atrapalhar a comunicação com a capital, já outras o único problema era o prefeito negligente, que geralmente era acompanhando por uma população insatisfeita.


Junto com os relatórios que colhia, eu elaborava os meus próprios sobre o local e suas condições.


Continua...



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